quinta-feira, março 10, 2005

Noite sem fim.

Parece fácil subir pelas paredes quando pensamentos dementes invadem a cabeça. Tudo que é explícito demora demais para ser compreendido de modo correto. As impressões que me rodeiam, eu não sei se são as mais corretas, mas isto tudo: a noite, o dia, o sono, me comove. Eu parecia gostar da velha casa, cheia de velhas pessoas, embebidas no éter do puritismo. Mas agora desgosto, já não suporto até. A verdade é um chicote, que açoita todos os dias o lombo dos pobres coitados. A noite é uma passagem crua, uma estação, para que os ociosos pensem sobre ela e sobre as demais coisas, sobretudo: o ócio. Eu sinto saudade da ocupação. Ela com certeza não me corresponde, eu sempre fui incompetente com ela, nunca soube fazer disto um bom proveito. Os filmes me fazem companhia, a mesma que a menina-dos-lábios-de-mel me fez um dia; mesmo sem ela, sinto-me acompanhado, talvez até bem acompanhado, nesses dias de bobeira. A personificação-feminina-da-luxúria me visitou estes dias. Transamos que nem loucos por três dias corridos, de manhã, à tarde, e de noite. Ao final da maratona exaustiva, eu não queria mais a ver. Sabe, foi aquele sentimento que normalmente acomete os homens quando transam com 'qualquer mulher' em estado de porre. No dia seguinte, a dor de cabeça da ressaca estupra a cabeça do sujeito. O cheiro de sexo podre fede que nem carniça, a 'qualquer mulher' geralmente é qualquer mulher mesmo, e isto tudo é um inferno. Daí o indivíduo se lembra que não cometeu a besteira de levar a 'qualquer mulher' para casa, então sai de fininho, e tenta esquecer. Mas não estava no script eu sentir isso com a personificação-feminina-da-luxúria, era para eu ter gostado dela, esta era a proposta. O problema, é que: quando ela chegou aqui em casa, eu não agüentei a ninfomania desenfreada dela. Eu sou um garoto doce, apesar de tudo. Eu gosto de conversar, olhar nos olhos, beijar longamente, trocar duas ou três palavras em intervalos de trinta a quarenta minutos e sentir o tempo passar. Depois que os dias de agonia com a 'personificação-feminina-da-luxúria' fugiram espantados, eu senti saudades da menina-dos-lábios-de-mel. Ela era doce, assim como eu, e sabia transar sem exceder. E assim os dias passam, na casa azul, perdida no meio da cidade azul, cheia de pessoas azuis. Eu não vou ficar azul. E meus dias agora já, enfim, estão contados.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oooooooohn.

3:25 AM  

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