A inexistência do dualismo sob o prisma sociológico.
O bem e o mal inexistem. Os opostos são nada mais do que pontas de uma massa complexa, amorfa e integrada; constituída de elementos que se justapõem e interagem mútuos e constantemente. Com estas conclusões a filosofia avança rumo ao incerto. Direto para as entranhas vorazes da especulação ontológica que, através da qual, passo agora a questionar o dualismo platônico, e a noção de extremos. De acordo com minha acepção, o dualismo platônico que diz respeito a extremos opostos complementares formando uma massa compacta e bipolarizada, cai por terra ao considerar a esfera da vida social humana. Na sociedade humana, não há essa definida e delimitada divisão, nem entre bem e mal, tampouco com certo e errado, negros e brancos, ou outros dualismos existentes em pequena escala. Na conjuntura atual, vivemos um período de grande miscigenação cultural, antropológica, genética, entre outras formas. A tecnologia e o avanço da globalização vieram para suprimir de vez as distâncias, e as falhas de comunicação. As raças estão miscigenadas, a cultura é livre, amorfa e descentralizada, a política cada vez se torna mais descentralizada, também. Diante das considerações do parágrafo anterior, afirmo convicto que: sociologicamente falando, não há dualismo, de modo algum. A sociedade é constituída por inúmeras massas – massas já complexas e mistas por antecedência – que interagem no globo social de modo irregular e caótico. As ‘massas sociais’ são grupos – dentro da sociedade – que se formam por afinidades, sejam elas: culturais, étnicas, de interesses comuns, profissionais, e/ou específicas. Essas afinidades congregam pessoas das mais diversas origens, índoles e posturas, de modo que uma ‘massa social’ fica completamente mista, amorfa e irregular. Essas ‘massas sociais’, com suas qualidades acima citadas, se relacionam com outras ‘massas sociais’ de modo disforme e irregular, isto é: sem representar vínculo pré-definido, ou pré-determinado. Entretanto, existem grandes possibilidades de algumas ‘massas sociais’ conterem elementos (pessoas) que também participem de outras ‘massas sociais’, fazendo com que exista o ‘bem em comum’, ou seja: a multiplicidade de participação por elementos em diversas ‘massas sociais’. Ilustrando: fulano pertence a ‘massa social’ cultural de fomentação do Hip Hop, entretanto este mesmo fulano participa da ‘massa social’ oficialmente instituída OAB. Este fulano pode participar assim de uma ou mais ‘massas sociais’, dependendo diretamente de seus interesses pessoais, culturais, profissionais e específicos. Como ele também pode participar de uma ‘massa social’, por exemplo, de pessoas que gostam de tomar cerveja com canudinho. Isto seria uma zona de interesse pessoal. Além disso, estas zonas de interesses, que podem ser, como já disse: específicas, profissionais, culturais, étnicas, ou específicas, fazem com que as pessoas se misturem, de uma vez por todas. Uma pessoa branca, que participa de uma ‘massa social’ de exaltação a uma banda de rock, pode participar desta ‘massa social’ juntamente com um negro, que participa também de uma ‘massa social’-partido político, por exemplo. Ou seja, a sociedade se relaciona, se mistura constantemente. Setores políticos, empresariais, religiosos, culturais, pessoas de todos os tipos estão se interligando, cada vez mais, através de uma rede de contatos, uma gama de interesses múltiplos, levando as pessoas ao relacionamento. A unidade desta estrutura social, ainda é desarmônica, ou a unidade absoluta, ou o objetivo final desta estrutura. Pois existem diversas manifestações, no mundo, de descontentamento com esta estrutura desencadeada, que é a globalização. Como amostra destes manifestos temos as guerras, as insurgências, as rebeliões em presídios, e etc. Isto tudo é sinal direto, de que essa interação de ‘massas sociais’ ainda não é efetivamente harmônica, falta suplementar algumas ‘massas sociais’. Falta intercalar e comunizar mais elementos pelas ‘massas sociais’. Quanto mais elementos em mais ‘massas sociais’, mais estas ‘massas sociais’ tolerarão as outras. E assim a interação entre elas, sendo transigente, tenderá à harmonia. A sociologia define métodos e classifica grupos sociais a fim de diagnosticar, prever possíveis ocorrências, e indicar soluções. Desta forma, concluo uma radiografia genérica, resumida e sincretista do panorama social humano, e sua falta de dualismo.
2 Comments:
utilizei sua citação,devidamente referenciada,em uma de minhas aulas, esta gerou grande debate.
A negação a dualismo é bem consistente porem em certos trechos de seu texto paradoxal, pois vc parece concordar com a existncia dualista.quando Um individuo participa de varios grupos sociais.Integrase a varias massas soiais ao faze-lo não seria esta uma caracteristica dual?
um grande abraço
Olá Professor William, muito obrigado pelo comentário e pela utilização em sua aula. A integração de um indivíduo a várias massas sociais não é uma característa dual, mas múltipla. É um evento que tende a uniformizar e extinguir as massas sociais. Elas ainda existem, mas a tendência é haver uma multiplicidade enorme de "pontos de convergência" de modo que as massas sociais vão se interligar e se fundir cada vez mais.
Abraço.
Postar um comentário
<< Home