quarta-feira, abril 06, 2005

Na igreja.

- Maldito sóbrio ardiloso! - exclamou o diabo.
- Pra que tanta baderna? - retrucou o ímpio. - É simples sim, basta a gente conversar um pouco, talvez alguma coisa vá certo.
- Demônios, sacrílegos, impudicos, blasfemos, vão todos para longe! – O Padre.
- Eita, não é que o padreco chegou pro fusuê. – O Ímpio.
- Pode vir padreco, mas tire essa cruz maldita, me faz mal – O Diabo.
- Concordo, mas é mais uma questão racional do que sensitiva. – O Ateu.
- Eu só preciso de dinheiro pra comer, não quero saber desses perrengues todos de vocês. – O moleque de rua.
- Cala-te, tu estás enfermo com a presença deste truculento ser rastejante das trevas. Vá-te embora daqui. – O padre.
- Ó padre querido, o demônio te infliges?! – Madame sacristã.
- Esse padreco é veado, precisa é de um cacete. – O ímpio.
- Como ousas profanar minha pessoa assim, ó maldito ímpio!? – O Padre.
- Olhe só Sr. Padre, acho melhor o senhor parar com essa conversa ‘épica’, sua igreja já não domina mais o mundo, vocês já não são coisa alguma, e estamos cansados desse seu tom empolado, que saco. – O Ateu.
- Pare de falar assim com o padre. “Meu padre”, pensou. – A madame sacristã.
- Hahahahahaha, eu tenho poderes, sei que existe um ‘affair’ entre nosso reverendíssimo padre e a putona da sacristã. – O Diabo.
- Como Ousas?! Voltes já para tua morada abjeta! – O Padre.
- Ele não vai antes de nos contar a verdade. – O Ateu.
- Não há verdade. – A madame sacristã.
- Há sim senhora, você trai seu marido com esse padreco aí, e acha que tem salvação?! – O Ímpio.
E tudo se sucede semanalmente nas missas dominicais da cidade azul.