domingo, maio 08, 2005

Crise de consciência. E isso fica cada vez mais pessoal, mas não era pra ser assim, droga.

Não sei, mas acho que preciso definir com mais zelo os objetivos desse meu blogue. As coisas se misturam demais, e posts que eram pra ser vistos com impessoalidade acabam sobrando pra mim, e não está certo isso. Mas a culpa é toda minha, negligência. Vou ver se me dou um jeito, mesmo que esse jeito seja atirar-me ao lixo.

Preciso tomar muita água ainda para purificar meus instintos abjetos; creio que todas as pessoas tenham instintos abjetos, mas essas pessoas estão se tornando mestras, especialistas em mascarar instintos abjetos. Eu não, meio que em lambança acabo por revelar todo o opróbrio que reside em mim; é um erro, sei disso, pois me afasta dos outros, causa espanto, mas gostaria que todas as pessoas se voltassem para seus interiores, algum minuto que fosse, e constatassem que a abjeção reside em todos, querendo ou não. Todo mundo já pensou em matar a mãe, todo mundo já pensou em besteiras sexuais, talvez isso dependa da idade, e todo mundo fez ou fará besteiras, mesmo em pensamento.

O falso moralismo caminha junto conosco nas ruas da cidade, faz compras e paga no cartão, vai ao toalete, assiste televisão, como todos, e precisa ser encarado, não basta simplesmente joga-lo no armário, no quartinho velho de tranqueiras, na despensa, ou nas favelas. A bela conduta padrão deve ser reformada, a bela conduta padrão deve passar a ser a conduta da honestidade, sem melindres, sem fricotes.
Eu queria poder escrever coisas que fizessem bem, só coisas que fossem bonitas. Mas não posso, sou incapaz. Ouvi dizer que algo é bonito, que algo é bom, o que tenho a dizer sobre isso é que tudo deveria ser bom, queria que tudo inspirasse benevolências. Mas não, por oras me revelo um ogro lunático. Quero que saibam que em mim, apesar de todo o opróbrio, também reside um coração sensível, delgado, que interpreta filmes com ternura, observa meninas bonitas com - às vezes ao menos - candura, que lê livros e chora, que ouve músicas e resgata momentos com doce nostalgia. Quero que saibam que não sou a personficação do opróbrio, tampouco da candura, mas que sou humano misto, mesclado, heterogêneo e amontoado como todos vocês.