domingo, maio 01, 2005

Descobri mais, e descubro a cada suspiro.

Esses dias, fui com minha avó e minha bisavó assistir a um espetáculo musical de homenagem ao Pixinguinha, aqui mesmo, na cidade azul pé-no-saco. Era aquele tipo de show ‘música brasileira’ que homenageia tudo e todos, músicos cantam de tudo e de todos e não se cansam de louvar os defuntos. Nada contra, mas é que isso um dia cansa. Em meio a uma homenagem para Carmen Miranda (sei lá se é com N ou M), minha bisavó disse que achava que fazia mais de cinqüenta anos que ela tinha morrido, pois tinha ido ao velório, e tinha conhecido a irmã dela, eram amigas. Eu disse: poxa vó, e você nunca me contou isso. E ela: você nunca perguntou, oras.

E assim vivem-se os dias aqui na casa louca da Nadir, na cidade azul pé-no-saco, ouvindo estórias de bêbados carregados como couros velhos, excursões de barco que são arruinadas por enchentes repentinas, velhos matreiros e gananciosos do Mato Grosso que viveram nos anos 20, 30 e 40, se enfiando naquele matagal todo atrás de diamante. Gente que se curou com chá de palha seca, ou de água de bica de cabana. Sapos monstruosos – ela tem pavor de sapos -, chacinas em cabarés do interior. E a velhinha não se cansa de contar estórias.