domingo, abril 17, 2005

Nú.

Passos lassos, as ruas já apagadas, Sebastião só pensa na vitória, na vitória que é ser um perdedor. Ao menos tem um trunfo, oferecer belas palavras em troco de esmolas na calçada da praça suja.
Marco Aurélio gosta de moças que nunca lamberam um cacete, ele as ensina com lisura, é paciente, e elas aprendem, como boas alunas.
Ulisses viaja à toa pelo mundo, o pai é milionário. Levava uma vida de playboy, só academia, boates caras e muita bebida, bomba, e drogas. Ulisses precisava tomar um jeito, fôra preso diversas vezes. O pai meteu-lhe uma mochila nas costas, garantiu-lhe uma mesada de dois mil e quinhentos dólares, e mandou o filho correr o mundo. Brigão, bundão e idiota como é, não sei se vai dar assim tão certo.
Orlando constrói casas, é um pedreiro. Tudo que mais gosta de fazer é chegar em casa, às seis horas da tarde, todo suado, e comer sua mulher. Ela gosta também, diz que não, briga, mas no fim adora o corpo suado e sujo do Orlando pedreiro.
Nathália vive em academias, como Ulisses. É daquelas que sai de quinta a domingo, bebe bastante e dá pro primeiro mané que surge em sua frente. É uma vadia. Agora está aí, grávida. O pai quis deserdá-la. Mas a mãe não deixou. Coitado do menino, Nathália ainda não tomou jeito, e desde já vem dizendo que é só o menino desmamar pra ela voltar pra vida louca; a mãe que se vire com o garoto.
É senhores, tudo não passa de repetição.