sábado, maio 07, 2005

Um sono acordado.

Um sono atormentado me acomete, aturdido. Durmo muito. Acordo no almoço, volto a dormir, acordo no jantar, volto a dormir, acordo no limiar da madrugada, e passo-a em claro. Vejo só paredes fechadas, lupas hipnotizadas. O clarão é muito intenso e durmo pesado com sonhos perversos. Sinto todo o peso do mundo em minhas sessões oníricas de cinema que têm enredos ininteligíveis, imperscrutáveis, impenetráveis. Tudo no momento desperto é luz demais, e tudo no momento indolente do sono é treva com lampejos de sentido. Deve ser uma metáfora pela jornada que empreendo na busca do sentido. A tarefa de desvendar os sonhos cabe aos anciãos ou aos ‘beneméritos’ especialistas, a mim cabe apenas sonhar incongruências e inverdades. Minha consciência arma um engodo para capturar algo que desconheço, temo que seja minha segunda consciência. Temo ficar sem o propulsor que me arremessa diretamente para a ilusão do fim, criada pela primeira consciência, que é de indubitável relevância para seguir os dias com lucidez.